Eu era cego, e agora vejo!

"Eu era cego, e agora vejo!"
Essa devia ser a frase que cruzava sua mente continuamente.
Ele se lembrava dos dias em que vivia assentado como se fosse um mendigo à beira das ruas a pedir esmolas.
Ele que tinha nascido cego e nunca tinha visto a luz do sol... nem mesmo um clarão... nada, sua vida era uma completa escuridão.
Então, num dia como qualquer outro, sem aviso prévio alguém se aproximou e cuspiu no chão, o que o deixou a pensar "o que está acontecendo? será que alguém quis cuspir em mim?"... em seguida um homem se abaixa, faz uma mistura da saliva com o pó da terra, e de repente passa aquele lodo nos seus olhos!
Ele agora estava com os seus olhos sujos de terra, o que o deixou mais confuso ainda... não houve uma conversa, não houve uma explicação sobre aquela situação... as únicas palavras que ele ouviu daquele homem foi "Vai, lava-te no tanque de Siloé."
Ele poderia ter ficado revoltado, irado talvez, aliás ele também tinha sentimentos! Ele podia ter poucas opções na vida, tinha que ficar sentado o dia todo pedindo esmolas, mas ele era um ser humano! E agora, seus olhos estavam todos sujos de terra... mas então ele se lembrava da voz que lhe havia dito "Vai, lava-te no tanque de Siloé", era uma voz firme, de alguém que sabia o que estava fazendo, firme mas ao mesmo tempo carinhosa. Era uma ordem, mas não era uma ordem raivosa ou irritada.
Ele que havia nascido cego tinha aprendido a reconhecer a voz das pessoas e a detectar os sentimentos de quem falava com ele, seus ouvidos estavam atentos a tudo, procurava compreender tudo o que acontecia à sua volta. E essa voz o impactou, ficou gravada na sua mente.
O tanque de Siloé era aquele onde uma vez por dia vinha um anjo e tocava as águas, e o primeiro que descesse nas águas era curado. Ele podia não estar compreendendo tudo o que estava acontecendo, mas no fundo do coração tinha a vontade de ser curado, de enxergar como as outras pessoas, de ter uma vida normal, de não ter que depender dos outros e ter que mendigar até o final da sua vida... o que lhe custava ir ao tanque de Siloé?!
Pela última vez na sua vida ele andou como um cego, pois depois de lavar os olhos ele passou a enxergar!
Isso era incrível! De um minuto para o outro ele estava enxergando!
Depois que isso lhe aconteceu, todos lhe perguntavam como isso tinha acontecido, quem tinha feito isso para ele... todos estavam curiosos! Alguns chegaram até mesmo a duvidar que fosse ele aquele cego que conheciam, como se ele não fosse digno de poder enxergar.
Ele não cansava de contar a sua história! Ele não cansava de se lembrar daquela voz!
Mas as pessoas ao seu redor não lhe acreditavam, parecia que havia algo errado com o que lhe tinha acontecido! Ele chegou a ter a impressão de que as pessoas não estavam felizes que ele estivesse agora enxergando, preferiam que ele continuasse cego!
Ele foi interrogado várias vezes pelos fariseus, os mestres judeus religiosos; até seus pais foram chamados e interrogados, como se suas palavras não valessem.
E foi então que ele viu _ não com os olhos biológicos, mas com os olhos do coração_ que aquelas pessoas podiam enxergar, mas não podiam ver aquele homem que o curou, Jesus! Ele viu que Jesus era um profeta. Viu que os fariseus sim é que eram cegos, pois se negavam a ver os milagres que Jesus fazia. Os fariseus podiam ler os textos sagrados, mas não podiam ver as verdades contidas neles.
Ele agora estava vendo uma porção de coisas que nem mesmo as pessoas com quem convivia podiam ver! Viu que a verdadeira visão é aquela que se pode ver com o coração, e que a coisa mais maravilhosa para se ver é Jesus!
Ele agora buscava ansiosamente ver Jesus, queira ver quem era aquele que lhe havia aberto os ollhos... e foi Jesus quem o encontrou e se apresentou a ele! Que momento marcante!
Ele agora estava frente a frente com aquele que além de lhe curar os olhos também lhe curou o coração, que o fez enxergar a sua condição de pecador... mas que agora ele não precisava mais viver na escuridão, ele agora podia ter um relacionamento pessoal com o próprio Jesus!

(Releitura do texto de João 9 - A cura de um cego de nascença)