terça-feira, 23 de outubro de 2012
Dar ou não dar mesada aos filhos... eis o dilema!
Esse é realmente um dilema que pais e filhos enfrentam... os pais pensam "será que devo dar mesada aos meus filhos?", e os filhos por outro lado pensam "porque eu não posso ter mesada se muitos dos meus colegas tem?"
A questão na verdade gera dúvidas lá na base, é bem mais profundo o cerne da questão!
O argumento principal é de que a mesada dá aos filhos a oportunidade de aprender a lidar com o dinheiro, vivenciar na prática os conceitos da educação financeira... sim, faz sentido!
O que não costuma fazer muito sentido é o fato de crianças tão pequenas com apenas 4 anos de idade já estarem recebendo mesada... já outros dizem que uma boa idade para começar a dar mesada é a partir dos 6 ou 7 anos. Vê-se que há grandes divergências quanto a esse assunto!
Há ainda a estrita regra de que os pais devem ser fiéis em cumprir o combinado com os filhos, a quantia e o dia marcado para a entrega da mesada não pode ser de forma alguma descumprida, porque a criança cria uma expectativa e se o trato não for cumprido à risca a criança ficará decepcionada! Os pais acabam se tornando reféns dos filhos!
Sem contar com a questão do valor que deve ser dado como mesada aos filhos... e aqui o terreno é realmente escorregadio, alguns acham que deve ser um valor pequeno de forma a meramente instruir o filho a lidar com o dinheiro, já outros acham que precisam ser generosos, que suas condições financeiras permitem que se dê ao filho uma quantia até grande.
Todas essas questões são suficientes para deixar os pais estressados e confusos quanto ao simples fato de dar ou não dar mesada aos filhos!
O que deveria estar em foco é a verdadeira educação financeira que os pais devem passar aos filhos, e a verdade é que essa educação financeira é bem mais complexa do que simplesmente entregar mensalmente uma quantia de dinheiro na mão do filho... veja por exemplo alguns conceitos que os pais devem ter em mente ao ensinar o filho o conceito financeiro por detrás do dinheiro:
1. Mesada não pode ser de forma alguma recompensa por algo que a criança tenha feito ou faz normalmente, por exemplo, não se pode dar ou deixar de dar mesada de acordo com o desempenho da criança nos estudos! Também não pode estar ligado aos trabalhos domésticos, ajudar nas tarefas da casa não é motivo para receber ou não uma mesada. Estudar e ajudar em casa são obrigações inegociáveis dos filhos.
2. A criança precisa saber como que o dinheiro "aparece", ou seja, não podem ver os pais como cofres cheios de dinheiro! Precisam entender o valor desse "papel mágico" que compra as coisas! Por essa razão os pais devem explicar que o dinheiro é o resultado de um mês inteiro de trabalho, há uma troca entre o esforço e o trabalho humano pelo dinheiro que é recebido no final do mês... ninguém recebe se não trabalhar!
3. É essencial que os filhos participem do planejamento dos gastos do salário... não é preciso que os filhos saibam o montante real que os pais ganham, porque isso poderia levar a problemas indesejados caso os filhos comentassem esses dados com outras pessoas. Mas é perfeitamente possível inteirar os filhos dos valores das contas de água, energia, supermercado... e com isso ensinar aos filhos que existem gastos que atendem as necessidades básicas da família e que de forma alguma podem ser negligenciadas! Sem pagar a conta de água não dá pra tomar banho, sem pagar a energia não se pode fazer quase nada dentro de casa... deu pra entender, né?! A criança precisa que o adulto lhe explique isso, porque pra ela tudo isso parece que é automático!
4. Quando algo precisa ser comprado, essa é uma excelente oportunidade de discutir com a criança uma série de conceitos importantes, de que primeiro precisamos saber o quanto temos disponível para tal compra, que é preciso pesquisar e comparar preços, que é preciso discutir o custo/benefício de um certo objeto (não precisamos comprar o pior só porque é mais barato, mas também não devemos comprar o mais caro só por questão de luxo), que não se deve comprar algo só porque viu e gostou, e por aí vai... participar desse processo de compra é um aprendizado e tanto!!!
5. Se os pais fazem dívidas (e quem não as faz de vez em quando, ou sempre!!!), é de extrema importância levar os filhos juntos quando se vai quitar a dívida! Os filhos precisam saber que ao comprar algo é preciso pagar por aquilo, e que há um compromisso com a palavra dada, o bom cumprimento das responsabilidades denota caráter íntegro! Aliás, pais que fazem dívidas demais já não estão passando um bom exemplo aos filhos, os filhos precisam aprender que só se pode comprar algo quando realmente se tem o dinheiro disponível para aquilo, do contrário, é melhor economizar e guardar o dinheiro para realizar tal compra!
6. Se os pais dão mesada aos filhos, os mesmos devem acompanhar de perto o uso que os filhos fazem da mesada... esse é um processo em que os pais devem estar presente! Os filhos precisam dessa tutoria, precisam de ajuda para colocar em prática os conceitos e devem aprender a responsabilidade de usar bem o dinheiro! É muito útil que haja um caderninho para anotar a movimentação financeira que a criança faz, dessa forma ela tem como analisar e avaliar o uso que está fazendo do dinheiro. É também essencial que haja um cofrinho, para que a criança aprenda a economizar, a guardar dinheiro para algo que quer comprar no futuro... etc.
7. Para pais cristãos é de extrema importância ensinar sobre o dízimo que devolvemos ao Senhor como gratidão pelas bençãos e pela provisão Dele em todas as nossas necessidades! O dízimo não deve ser entregue com pesar, como se aquilo fosse fazer falta, porque as crianças são espertas e percebem essa atitude.
A verdade é que poderíamos acrescentar muitos outros pontos... mas a suma é, educação financeira não é simplesmente dar uma quantia de dinheiro, a famosa mesada, aos filhos, é sim dar o exemplo, é viver de forma reta, justa e íntegra perante a sociedade, porque o exemplo fala mais alto do que palavras!
Dá muito mais trabalho educar financeiramente um filho do que entregar a mesada... exige dedicação da parte dos pais em explicar coisas que achamos que os filhos vão "captar" naturalmente, e mais dedicação ainda em fazer exatamente aquilo que se ensina aos filhos!!!
Pais com pouca condição financeira, que não tem condições de "dar mesada" aos filhos, não devem de forma alguma se sentir diminuídos e culpados por isso! A vida é prova de que pessoas com grandes privações lidam melhor com o dinheiro do que pessoas que tem dinheiro pra dar e esbanjar. Filhos que crescem conscientes da real situação financeira dos pais sabem dar mais valor às coisas, e principalmente às pessoas!
Dar ou não dar a mesada aos filhos é uma questão pessoal, os pais são responsáveis por decidir isso, mas a responsabilidade de educar financeiramente os filhos é uma questão da qual os pais não podem se eximir, e os filhos serão sempre um reflexo dos pais, lidarão com o dinheiro baseado com aquilo que "captaram" dos pais enquanto conviviam juntos e dividiam a mesma entrada de dinheiro!
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